O que vem mudando aqui

Faz algum tempo desde que percebi que estava caindo no erro de acreditar que era minha a missão de salvar o mundo. Talvez você também tenha se deparado com a triste realidade na qual vivemos hoje, e vendo a esmagadora maioria da criação longe do Criador, pensou: o que é que posso fazer? Onde posso servir? Como posso resgatar uma por uma dessas almas perdidas? Eu também. É natural. Mas aí me recordo da frase de Santa Teresa de Calcutá, quando diz: “Quer fazer algo para promover a paz mundial? Vá para casa e ame a sua família”.

Ouso usar a frase de Madre Teresa para ir mais a fundo: a santidade não se consiste necessariamente em grandes obras, mas em grande amor. São os pequenos atos do dia a dia que, se feitos com amor, têm um impacto muito maior do que podemos imaginar. Às vezes, esse nosso desejo de sermos os heróis da humanidade vem de desordens interiores e reflexos da nossa vaidade, o que nos é sempre muito prejudicial. Precisamos, antes, curarmos a nós mesmos e ordenarmos o nosso coração, a nossa busca por virtudes, para que aí, sim, possamos fazer bem todas as coisas, começando pelas pequeninas.

Posso estar errada e peço perdão se estiver, mas acredito que de nada valem as nossas lutas humanas e o nosso conhecimento se não amarmos a Deus sobre todas as coisas. Se aprendemos a amar a Deus e nos empenhamos humildemente em caminhar em direção à perfeição, os nossos esforços para ajudar o mundo são muito mais efetivos, desde que não passemos por cima da vontade de Deus por causa daquilo que nós mesmos decidimos fazer “por Ele”. Muitos querem estar na frente dos holofotes, mas poucos querem doar as suas vidas sem nunca serem lembrados. É muito belo quando aceitamos a nossa vocação e somos a melhor versão de nós mesmos que podemos aqui na vida real, no desconhecido, por amor a Deus. Daí podemos fluir e mostrar a outras pessoas a beleza da vida em comunhão com Ele, pelos méritos de Jesus Cristo que é quem, pela Sua infinita bondade, nos resgatou e nos trouxe até aqui.

Assim como Santa Teresinha, eu também queria ter todas as vocações. Seria sacerdote, missionária, religiosa, mãe, mártir. Mas preciso me atentar às minhas vocações pessoais e me contentar com elas, que são os caminhos de santificação que o próprio Deus escolheu para mim. Ajudarei o mundo como puder, na proporção que der, após as minhas oraçõezinhas da noite; quando o meu esposo estiver descansando, os meus filhinhos na cama, a minha casa em ordem e os meus panos de prato estendidos no varal. No momento, claro, ainda não tenho essa realidade. Tenho, entretanto, o meu chamado artístico e a minha própria alma em construção para cuidar e estes demandam atenção. Se no meio tempo eu puder ser de alguma ajuda a outros, o serei com alegria.

Muitas pessoas parecem acreditar que, por eu apontar o caminho certo, necessariamente estou em estágio muito avançado de santidade – o que não é, nem de perto, verdade. Recebo, então, milhares de histórias e pedidos de conselhos, e me chocando com todas essas pessoas em necessidade, venho tentando ajudá-las uma a uma, tarefa da qual não sou capaz. Os sacerdotes, diretores espirituais, possuem a vocação, os dons, o conhecimento, a maturidade e a humildade necessárias para tais tarefas, mas eu não. Eu sou só uma moça de 21 anos tentando, também, vencer a mim mesma e ser melhor a cada dia, o que é um longo processo. Não posso tomar outras alminhas para cuidar, mas estas podem ser cuidadas e ouvir o que precisam de Deus, de sacerdotes e dos nossos mestres no céu, os sábios santos.

Algo que me incomoda na internet é que existe uma realidade na qual todos se obrigam a ter respostas para todas as perguntas, mesmo que não as tenham. Pelo medo do julgamento, as pessoas se protegem com um falso escudo de onisciência que não têm, e colocam sobre si mesmas a pressão de precisarem saber o que não sabem. Ou talvez pode ser que todo mundo saiba mesmo de tudo, mas o que eu posso afirmar com veracidade é que eu não sei de todas as coisas – na verdade, sei de muito pouco. Não tenho respostas para todas as perguntas porque também ainda estou aprendendo, e não tenho capacidade de dar conselhos porque não conheço a todos profundamente e não tenho os dons ou o conhecimento de um diretor espiritual. Por isso, espero que entendam que estamos todos no mesmo nível, mesmo que eu apareça aqui quando posso para compartilhar algo novo que venho aprendendo ou refletindo com vocês.

Quero agora poder dedicar mais do meu tempo às coisas que amo e que são traduções da minha oração: o meu chamado artístico, a minha escrita, os meus vídeos, a divulgação da decência e da elegância, da beleza da vida e da criação… tantas outras coisas simples à altura da minha pequena alma, e que espero que possa vir a ajudar outros também. Me sinto feliz e animada para essa próxima fase! Quero ser fiel a mim mesma e ao que Deus tem para mim, e preciso descobrir nEle onde é que Ele me quer e onde poderei amá-Lo melhor.

Sou muito grata ao apoio e compreensão de todos! A vida espiritual tem suas fases e fico feliz em poder compartilhar as minhas com vocês. Que o bom Deus os abençoe grandemente, e seguiremos juntos rumo ao Céu.

Um abraço,
Nah

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