Mais espiritualidade, menos religião?

março 28, 2019

Esses tempos atrás vi uma amiga querida compartilhando uma ilustração que dizia que a religião era uma garrafa, enquanto a espiritualidade era o liquido que havia dentro. O post dizia que muitos brigam pela garrafa, enquanto poucos bebem o que há dentro. E quanto a isso, concordo em partes. É verdade que poucos têm espiritualidade e muitos brigam para defender suas crenças, mas não condenaria isso da forma com que o post condenou e minhas razões explicarei aqui.
Supomos que o que há na garrafa é um tipo de remédio. A pessoa, doente, pode discutir sobre a embalagem da garrafa, ou beber o remédio. Mas se não lê na embalagem que está a beber o remédio certo, adiantaria beber? Não seria talvez pior mergulhar de cabeça em uma “cura” que não é certa, e mais ainda te afastará da verdadeira? É isso o que me deixa com o pé atrás com esse tipo de afirmação. Porque somente os que não conhecem a Igreja fundada Cristo podem dizer que qualquer ideologia basta.
Muitas religiões têm bons fundamentos humanos, é verdade. Muitas pregam o amor ao próximo e a caridade, o que é maravilhoso! Mas sem conhecer e amar a Deus sobre todas as coisas, do que vale nossa existência temporária na Terra? Se eu acredito em deuses x, ou em ideologias ou pessoas quaisquer que não morreram e ressuscitaram em três dias, qual o sentido de viver? Se eu não tenho o Deus do universo encarnado na Santíssima Eucaristia para me alimentar, ou o sacramento da confissão pelo qual a misericórdia de Deus me alcança e me redime, onde chegarei? Qual é o fundamento eterno no qual me sustento, e do que vale fazer com que eu me sinta confortável, se no fim da vida não era verdade?
Pode-se dizer então: creia em Jesus, mas não esteja “preso” a uma religião. É muito fácil que digam isso os que não conhecem ou acreditam na Santa Igreja fundada por Cristo em pessoa. Se não é importante e só serve para “aprisionar” pessoas, por que Cristo se deu ao trabalho de fundá-la? Em São João capítulo 21 versículo 25, diz:

“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.”

Se só uma pequenina parte do que Jesus viveu e disse foi escrita no papel, significa que essa parte possui grande importância. Como dizer, então, que a fundação da Santa Igreja Católica em Pedro, segundo São Mateus capítulo 16, versículos 17 a 19, não tem importância? Não hesito em dizer que é uma das passagens bíblicas mais importantes. Ali, Jesus nos deixava um grandíssimo presente: a Sua Igreja, que para nós é Mãe e que faz tudo o que pode para salvar seus filhos. É disso que me lembro quando alguém que não teve a chance de conhecê-la profundamente diz que religião é algo ruim, e que basta seguir a Cristo. Como sabe, no entanto, que o Cristo que segue é verdadeiro?
Não quero aqui magoar ninguém, mas se Cristo é somente um e a verdade é somente uma – até porque, se houvesse mais de uma verdade, elas se contrariariam e não existiria mais verdade – como podem todas as pessoas, que têm visões diferentes de Cristo, estarem certas sobre Ele? E como posso eu chegar a uma espiritualidade verdadeira e sobrenatural com alguém que não conheço, e sem seguir verdadeiramente o que diz? É muito fácil nos apaixonarmos pelo Cristo moldado e pintado, com filtros profundos e frase de efeito. Mas é esse mesmo quem Ele é, ou quem acreditamos que Ele seja? Deus é Deus independente da nossa visão sobre Ele. Nós podemos estar errados, mas Ele, nunca.
Tenho certeza que qualquer um que pegar os escritos dos santos da Igreja para ler e pedirem a Deus que os dê fé, logo enxergarão, ao ver a belíssima profundidade autêntica do relacionamento de homens com Deus, que surpreende qualquer noção que tínhamos antes. Se nos dedicássemos a estudá-los, ficaríamos de boca aberta com a beleza desses escritos vindos não só de corações tementes a Deus, mas de corações que estavam com Deus – literalmente. Homens que eram próximos de Cristo como carne e unha, que se agarraram à Santa Igreja, aos sacramentos e às outras formas de ajuda que a Igreja provê para seus filhos; que se desapegaram de tudo e todos na terra, e que viviam inteiramente pelo céu, esperando nada senão a Ele, e prontos para morrer por Seu nome… essas pessoas encontraram o Cristo verdadeiro e sua relação com Ele foi além do superficial. Essas pessoas entregaram-se totalmente a Ele, e Ele entregou-se totalmente a elas. Viam-no fisicamente, tinham arrebatamentos, não iam a lugar nenhum sem que o divino Esposo estivesse presente com elas, eram verdadeiramente casados e unidos para toda a vida, ou serviam a Deus e aos pobres incansavelmente mesmo sem nenhuma recompensa terrestre… e é essa a espiritualidade que almejamos. Desinteressada, entregue, humilde e verdadeira.
É bonito ver pessoas que amam Jesus e dão a Ele lugar importante em suas vidas, mas depois disso existe um oceano interminável e eu mesma não saberia de sua existência se não tivesse recorrido àqueles que nele mergulharam fundo. Nunca teriam chegado onde chegaram sem o sacramento da confissão, quando nossos pecados são absolvidos pelos sacerdotes de Cristo, sucessores dos apóstolos; sem a Santíssima Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo que nos santifica e nos dá forças, e que diversas vezes transformou-se em carne e sangue vivos estudados por laboratórios que comprovaram o sobrenatural que os olhos da fé já viam; sem as indulgências, a unção dos enfermos, a consagração…
Às vezes a “briga” por religião é necessária para que as pessoas conheçam a verdade e sejam por ela libertas. Para que possam se converter e ir atrás da resposta de suas dúvidas, assim como eu fui, seis anos atrás, e encontrei a felicidade plena que até então não fazia ideia que existia. Encontrei naquela Igreja que eu acreditava conhecer bem e que tanto criticava, a verdade que eu achava que sabia, mas dela estava extremamente distante. E não há um dia que eu não agradeça ao bom Deus pela tamanha misericórdia que teve comigo!
Cristo fundou a Santa Igreja sabendo que precisaríamos dela. Estamos nós em condições de rejeitar seus coletes salva-vidas e nadar sozinhos em mar aberto, com tantos tubarões ao nosso redor? Deveríamos, pelo contrário, nos agarrar humildemente a ela e deixar que nos conduza ao céu, que é sua missão. Quem seríamos nós sem esse presente do nosso amado Jesus?
Infelizmente essas boas pessoas de bom coração não conseguem trilhar o caminho de perfeição rumo às moradas superiores onde a alma se encontra com o Criador, porque não conhecem tal caminho e não podem sem os sacramentos. É extremamente triste! Se pelo menos essas boas almas tiverem a graça que eu tive de encontrarem a sucessão apostólica e a tradição dos primeiros cristãos… ah! Que magnífico não seria!
Termino dizendo que nós precisamos ser sal na terra e luz no mundo, e levar essa verdade que vem a cada dia mais se perdendo. Fazer com que todos se sintam amados e saibam que Cristo os espera, e que os que já amam a Cristo se apaixonem também pela belíssima Igreja que Ele fundou – sendo fundada por Ele, não poderia ser menos do que isso. Que nós católicos sejamos bons católicos e que não sujemos o nome da Santa Igreja que nada tem a ver com nossos erros. E que possamos um dia mostrar a Jesus todas as almas que ajudamos a resgatar através de Seu amor. Seja Ele amado para sempre! Amém.

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  • Natalia
    março 28, 2019 at 4:25 pm

    Nem sei expressar o quanto amei esse texto! Sou muito grata a Deus por te inspirar tanto a escrever e falar sobre o que faz nossa vida ter sentido: Ele. Comecei a ler mais escritos dos Santos a pouco tempo por influência de vídeos seus e só sei que quero beber cada vez mais dessa fonte que é a Igreja! Salve Maria ❤

  • Netto Almeida
    março 28, 2019 at 6:43 pm

    Perfeito…. Deus abençoe vc. Sua juventude doada a Cristo me encanta

    • Laudeneia Soares
      março 29, 2019 at 12:01 am

      Uaaaaaaaaal que lindoooooo, Obrigada Nathália Dutra por esse texto ❤

  • Andressa Nobrega
    março 28, 2019 at 7:45 pm

    Lindo! Eu amei o texto, e lembrei dos nossos amados Santos, que nos inspiram e nos mostram que há sempre mais…

  • Guilherme L.
    março 28, 2019 at 8:25 pm

    Texto muito proveitoso, aos que buscam um aprofundamento na igreja, aos que muitas vezes duvidam da grandeza de Deus esse texto é um combustível para fortalecer a fé, que Deus abençoe grandemente sua missão que tanto ajuda nós jovens nessa caminhada que é a busca pela santidade!

  • Carol Rachel
    março 29, 2019 at 5:32 pm

    Ameeeeiiiiii ❤❤❤❤❤❤❤ As pessoas condenam mto a Santa igreja por acreditarem que seu passado foi indigno na história que escitamos de maneira errada, seja na escola ou faculdade, mas n foi da maneira que dizem e Deus confirma isso nas escrituras da igreja e documentos, e mesmo se o houvesse acontecido devemos lembrar que a igreja é santa mas as pessoas não, somos falhos e erramos
    Salve Maria Imaculada …🌻

  • Lucas
    março 29, 2019 at 9:45 pm

    Natália, chega a ser impressionante o quanto isso vem incomodando. Cheguei a comentar no Canal da Deia e do Tiba que falassem sobre esse assunto,pois enxergo por trás disso uma investida, com o senso do peso da palavra, diabólica. Sei que não sou o dono da razão e também não procuro ofender ninguém, mas tentarei explicar o porquê.

    Pra mim a grande questão é a Verdade. Nosso Papa Emérito Bento XVI certa vez disse,ainda como cardeal em um discurso na década de 90, as seguintes palavras:

    “[…]Eu creio que o núcleo da crise espiritual do nosso tempo tem raízes no esquecimento da graça e do perdão.[…]A moral só conserva a sua seriedade se existe também o perdão, um perdão real,eficaz;senão,ela cai em puro condicional vazio. O verdadeiro perdão só existe se há o “preço”, o “equivalente na troca”, se a culpa foi expiada. A relação entre “moral,perdão e expiação” não pode ser cortada. Se falta um elemento todo o resto cai.[…]Jesus cumpriu toda a Lei, e não só uma parte dela, e assim a renovou desde a base. Ele mesmo,que sofreu pra expiar todas as culpas, é expiação e perdão ao mesmo tempo, e por isso é a única base segura e válida da nossa moral.[…]*

    Em Cristo se cumpre toda a Lei e por isso a moral tornou-se uma exigência Verdadeira e Possível pra nós”

    A partir do momento que se esquece o valor do perdão, da expiação e da graça se torna impossível cumprir a moral e se torna um fardo incarregável. A Igreja passa ser vista como mera instituição de poder anonimato que reprime a liberdade. A consciência,o baluarte próprio da liberdade, passa a se encontrar ameaçada por ação de uma autoridade. Acho nesse ponto de vista a autoridade passa a ser vista como um risco ao domínio da própria consciência. Nesse ponto a Verdade se torna distante.

    Acredito que existem dois caminhos ou dois caminhos principais possíveis de serem seguidos. Ou se assume a Verdade como algo possível de ser alcançado ou se renuncia a admitir que o homem pode conhecê-La(90 e 99). Naqueles que assumem a Verdade como algo possível de ser alcançado, mas que procuram cumprir tal caminhada apenas vivendo uma espiritualidade sem religião há um grande risco. Parafraseando o nosso Papa Emérito Bento XVI, “a experiências dos limites da ciência e da fragilidade das ideologias leva mais ao ceticismo que à coragem da busca da verdade. Assim a verdade é substituída por “valores” sobre os quais é possível procurar um senso comum”.” Além disso, como a Igreja se apresenta à consciência moderna como “enorme aparato de poder anônimo que parece mais um perigo que uma esperança” procura-se refúgio nos pequenos grupos em que se colocam contra(no sentido da sua necessidade) da Igreja. “A Igreja precisa do relacionamento vital que existe no pequeno,no qual a fé se concretiza e se torna oásis da humanidade”, disse o Papa(estarei me referindo a Bento XVI pra não me alongar se repetir,hehe). Sim!!! É verdade, é necessário,mas como ele mesmo completa “o específico da Igreja não é que existam pessoas simpáticas, o que de resto é desejável e acontecerá sempre. O específico é a exusia: o poder para pronunciar as palavras da salvação, para realizar ações de salvação das quais o homem tem necessidade e que não tem a capacidade para realizar por si mesmo”. Como você disse: Sacramentos. Perdão, Expiação e Graça. Sem eles se torna impossível cumprir a moral. Ser santo.

    Aí vamos para aqueles que não acreditam ser possível alcançar a Verdade. Nesse caso consciência se torna a instância que dispensa a Verdade. Se prende ao subjetivo. O dever de buscar a Verdade é cancelado.”A certeza sobre as próprias opiniões e a adaptação às opiniões dos outros são suficientes. O homem é reduzido às suas concepções superficiais e quanto menos profundas, melhor pra ele.”. “A renúncia a admitir que o homem pode conhecer a Verdade leva,inicialmente, a um uso puramente formalista das palavras e conceitos. A perda do conteúdo leva,por sua vez um mero formalismo no juízo[…]. Existe um juízo pronto sobre o seu pensamento, na medida que pode ser catalogado em uma das etiquetas formais correspondentes: conservador , reacionário,fundamentalista,progressista ou revolucionário.[…]quando o conteúdo não é mais importante,[…], a técnica se torna o critério supremo. Isso significa que o poder-revolucinario ou reacionário- se torna a categoria que domina tudo.”.” A estrada da mera capacidade técnica, do poder, é a imitação de um ídolo,não da técnica, do puro poder, é a imitação de um ídolo, não a realização da semelhança com Deus”

    A verdade que nesse segundo caminho Deus não é opção, não é o bem, não é amor. Pra alguns desse caminho Deus não existe. Vejo que a alguns anos atrás alguns cristão saiam da Igreja católica e iam a outas igrejas cristãs e o mesmo acontecia entre outras igrejas. Hoje vejo essa tendência de pessoas que se não saem de uma vez da Igreja procuram viver uma espiritualidade a sós que, sem o cumprimento dos sacramentos,sem o Perdão, Expiação e a Graça, torna-se um fardo muito pesado e se torna um “caminho” mais fácil pra levar as pessoas pro segundo caminho, onde Deus não tem mais lugar no coração. Por isso me preocupo muito.

    • Lucas
      março 30, 2019 at 2:34 am

      *Nathalia. Tá cheio de erros ortográficos aí, hahaha, infelizmente não dava tempo de revisar senão iria perder tudo que digitei, mas é isso ae. Se puder faz um vídeo sobre isso. Dá uma procurada no YouTube,escreve “Mais Jesus e Menos Religião” e vai haver a quantidade avassaladora de vídeos curtos e longos a favor e pouquíssimos que se posicionam contra isso. Sei que tem muitas pessoas de bem,muitos jovens(muitos mesmo) que estão com essa mentalidade. Desde já parabéns pelo texto e pelo canal!

      • Lucas
        março 30, 2019 at 2:36 am

        **vai ver(corretor sacaneou,kkk) a quantidade avassaladora…

  • Filipe
    março 30, 2019 at 9:12 pm

    I gostei muito do texto, realmente todos temos que abrir os olhos para a verdade!

  • Filipe
    março 30, 2019 at 9:12 pm

    Eu gostei muito do texto.

  • Maria Eduarda
    abril 1, 2019 at 10:29 pm

    Belíssima reflexão, Nath! Deus te abençoe sempre! <3

  • Cláudia Goliver
    abril 3, 2019 at 10:52 am

    Belo texto, ameiii. Obrigada, Deus e nossa Sra. te guiem sempre…

  • Jenni
    abril 17, 2019 at 6:52 pm

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    • Nathalia Dutra
      abril 18, 2019 at 2:31 pm

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  • Vanessa Souza
    maio 17, 2019 at 3:08 am

    Perfeito 👏👏👏
    Deus a abençoe sempre com essa grande sabedoria que nos inspira Nathalia Dutra !!!
    🙏😊