Versões de mim

Percebi que os meus óculos estavam quebrados ao

esperar o meu voo para o Colorado.

Apanhei um par antigo, mas não me serviu.
Onde deveriam estar assentos,
malas e pessoas estavam

borrões de diferentes formas

e de diferentes cores.

Essas lentes um dia foram
perfeitas para mim.

Já estive em braços nos quais não mais caibo

e idealizei situações que hoje me soam péssimas.
Já considerei limão o meu sabor favorito
e andei em sapatos menores e menores.
Já fui muitas versões de mim.

Por muito tempo, ao olhar para trás,

senti falta. Nunca lidei bem com mudanças
e sou a maior mudança que já testemunhei.

Hoje, no entanto,
ao olhar para o passado sinto orgulho
de onde estive e de onde cheguei.
Me orgulho ainda mais ao olhar
para o presente e perceber:
essa versão de mim é exatamente
quem eu esperei me tornar.

A minha versão criança amaria
ter a minha versão adulta como mãe.

Escrito em 29/01/2018